segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Português 6ºano

Preparação para Teste de Avaliação a Português

Lê o Texto com Atenção!

A noite sagrada

Era dia de Natal: toda a gente tinha ido para a Igreja, menos a avó e eu: julgo que estávamos os dois sozinhos em casa; não tínhamos podido acompanhar os outros, eu porque era muito novo, ela porque era muito velha, e ambos nos sentíamos tristes por não poder assistir à Missa do Galo nem ver as velas acesas.
E, como estávamos para ali sentados e solitários, a avó principiou a contar:
- Era uma vez um homem... - disse ela - que caminhava no meio da noite escura à procura de lume. Ia de porta em porta, batia a todas elas e dizia:
« Amigos, ajudai-me ! A minha mulher acaba de ter um menino, e preciso de lume para os aquecer, a ela e à criancinha. »
Mas a escuridão era profunda; todos dormiam; ninguém lhe respondeu. O homem prosseguiu o seu caminho. De súbito avistou uma luz que brilhava ao longe. Dirigiu-se para lá e viu que era uma fogueira acesa ao ar livre. Em volta dormiam carneiros brancos, e um velho pastor, agachado, guardava o rebanho.
Quando o homem que andava à procura de lume se aproximou dos carneiros, viu três grandes cães adormecidos ao pé do pastor. Acordaram os três e abriram as bocarras como se quisessem ladrar; mas nenhum som lhes saiu das gargantas. O homem reparou em que o pelo se lhes ouriçava, que os dentes afiados luziam muito brancos ao clarão da fogueira. E os três se atiraram a ele. Um ferrou-lhe os dentes numa perna, outro numa das mãos, o terceiro no pescoço; mas as queixadas e os dentes recusaram-se a morder, e o homem não sofreu qualquer ferimento.
Quis então aproximar-se da fogueira e levar o lume de que tinha necessidade, mas eram tantos os carneiros, e deitados tão juntos, que não podia passar pelo meio deles. E teve de lhes passar por cima. Mas nenhum dos animais acordou ou se mexeu sequer.
Até àquele momento, eu escutara a minha avó sem a interromper, mas não me contive mais.
- Porquê, avó ? - Perguntei.
- Daqui a pouco o saberás.
E a avó continuou:
- Quando o homem chegou ao pé da fogueira, o pastor ergueu a cabeça. Era um velho carrancudo, mau, duro para com toda a gente. Assim que viu o desconhecido, agarrou no seu longo cajado pontiagudo e atirou-lhe com ele. O cajado voou direito ao homem, mas no instante em que ia atingi-lo desviou-se e foi cravar-se no chão.
Então o homem aproximou-se do pastor e disse:
« Amigo, ajuda-me e deixa-me levar um pouco de lume. A minha mulher acaba de ter um menino e preciso de os aquecer, a ela e à criancinha. »
O pastor teve vontade de recusar, mas lembrou-se dos cães que não tinham ladrado, dos carneiros que não tinham fugido, do cajado que não tinha querido bater, e sentiu um vago receio.
« Leva aquilo de que precisares », disse ele ao desconhecido.
A fogueira estava quase a apagar-se. Não havia nem ramos a arder, nem achas. Só um monte de brasas, mas o homem não tinha uma pá, nem nada onde pudesse levar as brasas ardentes. E ao ver isso, o pastor repetiu:
« Leva tudo o que quiseres. »
E alegrava-se com a ideia de que o homem não podia levar coisa alguma. Mas o homem curvou-se, afastou as cinzas, e com as mãos tirou algumas brasas vermelhas que deitou numa dobra do manto. E as brasas não lhe queimaram as mãos nem as roupas. Levou-as como se fossem maçãs ou avelãs.
Pela terceira vez a narradora foi interrompida:
- Avó, porque foi que os carvões não quiseram queimar o homem?
- Já vais ver... - disse a avó. E continuou:
- Quando o pastor, que era um homem carrancudo e duro, viu aquelas coisas, começou a perguntar a si mesmo:
« Mas que noite será esta em que os cães não mordem, os carneiros não se espantam, em que o cajado não fere, em que o lume não queima ? » Chamou o desconhecido e perguntou-lhe:
«Que noite é esta em que até as coisas se mostram compadecidas?»
O homem respondeu:
«Se tu não compreendes por ti próprio, não te posso dizer.»
E foi-se embora apressado, para aquecer a mulher e o menino.
Mas o pastor pensou que não devia perder de vista aquele homem até compreender o significado de tudo aquilo.
Levantou-se e seguiu-o.
Em breve o pastor viu que o homem nem sequer tinha uma choupana onde morar: a mulher e o menino estavam deitados ao fundo de uma gruta da montanha cujas paredes eram frias e nuas.
Pensou que o pobre inocentinho corria o risco de morrer de frio, e apesar de ser um homem duro, comoveu-se com semelhante miséria. Desenfiou o alforge do ombro, tirou dele uma pele de carneiro branca e macia e estendeu-a ao desconhecido, dizendo-lhe que deitasse o menino em cima dela.
No mesmo instante em que dava esta prova de bondade e de caridade, abriram-se-lhe os olhos; e viu aquilo que antes não fora capaz de ver, e compreendeu aquilo que não tinha podido compreender.
Viu em redor de si um círculo de anjos com asas de prata. Cada um deles tinha na mão um instrumento de música e todos cantavam em vozes claras e sonoras que naquela noite nascera o Salvador, que libertaria os homens dos seus pecados.
E compreendeu então que nessa noite as próprias coisas estavam tão cheias de alegria, que não queriam fazer mal a ninguém.
E não era apenas na gruta que havia anjos: via-os por toda a parte, sentados na encosta da montanha, ou a voarem pelo céu. Vinham também em grupos pelo caminho fora, e todos paravam para contemplar o Menino.
Quando a avó chegou àquele ponto da história, suspirou e disse:
- Mas aquilo que o pastor viu também nós podemos ver. Todos os anos, na noite de Natal, os anjos voam pelo céu, e só de nós depende vê-los ou não.
Depois, pousou-me a mão sobre a cabeça e acrescentou:
- Lembra-te disto, porque é tão verdade como estares a ver-me e  eu estar a ver-te. O mais importante não são as iluminações nem as luzes. Não precisamos do Sol nem da Lua, mas apenas de olhos que saibam abrir-se ao esplendor de Deus.


Ajudas no vocabulário: bocarras (vem de boca); ouriçava (vem de ouriço); luziam (vem de luz); queixadas (vem de queixo); carrancudo (mal encarado); vago (leve, pequeno); compadecidas (com pena); choupana (cabana); alforge (saco de trazer ao ombro); sonoras (vem de som); esplendor (brilho intenso).





1ªparte – interpretação do texto

1.   No texto que acabaste de ler estão presentes duas narrativas (uma está metida dentro da outra). Distingue-as.



2.  A avó é narrador e é personagem; devia, portanto, ser narrador participante. Mas não é. Porquê ?



3. 
a)   É mais difícil fazer o retrato das personagens quando elas vão mudando. É o que acontece com o pastor deste texto. Caracteriza-o, descrevendo, a partir da situação inicial, as alterações que sucedem no seu comportamento.




b) Diz qual foi o momento no qual se deu a grande mudança no comportamento desta personagem e explica qual foi a causa dessa transformação.




4. Identifica, justificando, os recursos de estilo presentes em cada uma das frases seguintes:

a) Os olhos dela brilhavam como dois sóis.
b) A D. Cecília tinha criado raízes na aldeia e já não queria voltar para Lisboa.
c) Aquelas nuvens escuras tinham mentido, porque afinal não choveu.
d) Aquela ideia foi a semente de uma grande mudança no seu modo de vida.


5.  Classifica morfologicamente (classe e subclasse) as palavras sublinhadas nas frases seguintes:
- Meu rei, desejo ser armado cavaleiro. A minha alegria e a vossa serão grandes quando isso acontecer.



6.  Agrupa as palavras seguintes segundo o número de sílabas e distribui-as pelo quadro abaixo
a)    Mesa
b)   Arvore
c)    Comercio
d)   Mãe
e)    Brinco
f)    Chá
g)    Fruta
h)   Infelizmente
i)     Tesoura
j)   


Monossílabos
Dissílabos
Polissílabos












7.  Classifica as palavras seguintes quanto à acentuação, isto é, quanto à posição da sílaba tónica:
a)    Antena
b)   Ciência
c)    Cantar
d)   Pólen
e)    Biblioteca
f)    Animal
g)     Exército
h)   Armazém



8.  Assinala com uma cruz (*) no lugar correcto.



Quanto ao número de sílabas
Quanto à acentuação
Monossílabo
Dissílabo
Polissílabo
Aguda
Grave
Esdrúxula
Eucalipto






Óculos






Café






Céu






Boneco










9.  Identifica o tipo das frases seguintes, assinalando-o na coluna respectiva:



Declarativo
Interrogativo
Imperativo
Exclamativo
Está um lindo dia!




Come a sopa.




Já jantas-te?




Como o Zé está alto!






10.      Completa o quadro seguinte, modificando as frases conforme os casos:


Forma Afirmativa
Forma Negativa
Vou amanha a tua casa.


Não fizeste o trabalho de casa?
Vai lanchar.


Não gostei nada disso!
Já compraste o livro de Inglês?


Não digas isso à mãe.


11.      Analisa sintacticamente todas as frases seguintes.

a)    Ontem, a Joana encontrou, no parque, um esquilo.



b)   No campo, por toda a parte, durante os meses de verão, as cigarras cantam.



c)    Ontem, depois de jantar, a cozinheira atirou uma sardinha ao gato.



d)   O rapaz falou a verdade.



e)    A tia ofereceu um livro ao Rui.



f)    Eles beberam o sumo.



g)    Ontem, à noite, a menina adoeceu.

h)   Todos os dias, na cantina, há sobremesa.



i)     A funcionária abriu a porta aos alunos.




12.      Sublinha os adjectivos que encontrares na coluna A e preenche a coluna B, indicando os graus em que se encontram os adjectivos que sublinhas-te.


A
B
Esta rosa é branca.

Este livro é tão volumoso com aquele.

A Joana é a criança mais nova da turma.

O André é o menos estudioso dos irmãos.

A tarde hoje está muito agradável.



13.      Identifica os determinantes das frases seguintes, indicando a subclasse a que pertencem:

a)    O jardineiro tratou do meu jardim.

b)   Estas flores exigem muitos cuidados.

c)    A segunda fila do teatro está reservada para a nossa turma.

d)   Viste aquele carro vermelho.

e)    Comeste muita sopa.

f)    Ontem encontrei o teu primo.

g)    Nasceram 5 cãezinhos.






14.      Preenche o quadro seguinte, indicando o modo, o tempo, a pessoa e o número de cada uma das formas verbais.



Modo
Tempo
Pessoa
Número
Comeremos




Sorriam




Estudávamos




Falai




Contasses




Lavemos






15.      Preenche o quadro agrupando as seguintes palavras, quanto ao processo de formação.


Palavras compostas por:
Palavras derivadas por:
Aglutinação
Justaposição
Prefixação
Sufixação

















·         guarda-chuva
·         campismo
·         injusto
·         arco-íris
·         predizer
·         vinagre
·         dispor
·         girassol
·         inútil
·         pão-de-ló
·         pontapé
·         água-de-colónia
·         varapau
·         carinhoso
·         desamor


16.      Coloca as palavras destacadas nos respectivos lugares da grelha:

Ø  A fábrica do meu pai fabrica botões.
Ø  Assisti ao concerto de mozart e gostei.
Ø  O conserto dos sapatos foi barato.
Ø  Amanhã asso o frango numa grelha de aço.
Ø  Sei a tabuado de cor.
Ø  A cor do meu clube é azul.
Ø  O canto é harmonioso.
Ø  Põe a cadeira no canto da sala.





Palavras Homógrafas
Palavras Homófonas
Palavras Homónimas















Joana Silva